INTRODUÇÃO
A linguística é uma ciência que explica a linguagem verbal humana tanto oral como escrita. Dentro disto, estuda as variações linguísticas abrangendo toda a língua. A linguística não julga o que é certo ou errado, nem prescreve regras; nela não existem erros e sim variações da linguagem.
Ferdinand de Saussure foi professor de linguística, um grande comparativista e é considerado o “pai” da linguística. Ele é quem iniciou os estudos linguísticos, como ciência, tornando-se a base para todos os estudos linguísticos realizados a partir da publicação de seu livro Curso de linguística geral ( nota: o livro foi publicado dois anos após seu falecimento por dois seguidores de Saussure).
Para Saussure a linguagem é muito complexa, pois possui muitas faces abrangendo diversas áreas da ciência. Durante seus estudos, dividiu a linguagem em duas partes: a língua e a fala. Explica que a língua é um conjunto de signos que não pode ser modificada por quem fala e é obedecida pelas leis estabelecidas pela comunidade. Enquanto isso, a fala é um ato único de cada falante. Deste modo, Saussure concluiu que esses elementos são dependentes, é preciso a língua para produzir a fala, mas também não há língua sem a prática da fala.
Completa afirmando que a linguagem será social e individual, pois a língua está a disposição de todos e torna-se individual no momento em que cada um manifesta a fala de sua maneira pessoal.
Saliento também o significado de signo linguístico para Saussure, que define este como os sinais produzidos pelo homem tanto pela fala ou escrita. O signo é a relação entre significante com significado. Para ele é importante observarmos a imagem acústica, não a confundindo com o som, pois ela é um conceito psíquico e não físico. Ela é a imagem que fazemos do som em nossa mente.
Para Saussure podemos estudar a língua sincronicamente (estuda-se um determinado estado da língua num tempo “X”) e diacronicamente ( estuda-se a língua na linha do tempo, ou seja, acompanha sua evolução).
VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA
Primeiramente é preciso diferenciar variável e variante linguística para entendermos a mudança linguística. “Variantes linguísticas são “diversas maneiras de dizer a mesma coisa em um mesmo contexto, com o mesmo valor de verdade. “A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística” (Tarallo, 1997, p.8). Um exemplo na língua portuguesa é a marcação do plural no sintagma nominal. Temos a variável s e as variantes s e a ausência do s:
As meninas bonitas - as meninas bonita - as menina bonita.
Deste modo, segundo Tarallo (1997) podemos dividi-las em variantes padrão e não-padrão. A variante considerada padrão é também conservadora e aquela que tem prestígio sociolinguístico na comunidade. A variante inovadora é a considerada normalmente não-padrão e estigmatizada pela comunidade.
Com estes conceitos é possível compreendermos como acontecem algumas mudanças linguísticas. Desta forma, “a realidade empírica central da linguística histórica é o fato de que as línguas humanas mudam com o passar do tempo”(Farraco, 1991, p.9), ou seja, a estrutura da língua se altera no tempo continuamente. Mas, para nós indivíduos, é difícil percebermos essa mudança linguística, pelo fato de que ela ocorre lentamente. Ao mesmo tempo somos peças importantes nessa evolução linguística, pelo fato de sermos falantes e utilizarmos a língua constantemente, pois, em “linguística histórica nem toda variação implica mudança, mas que toda mudança pressupões variação” (Farraco, 1991, p.13).
Podemos perceber a mudança linguística quando comparamos textos antigos com a escrita atual; ou quando falantes de gerações, ou classes econômicas, ou culturas diferentes se encontram e começam a dialogar. Estas situações revelam que a língua está constantemente passando por transformações, ou seja, “que estruturas e palavras que existiam antes não ocorrem mais ou estão deixando de ocorrer; ou então, ocorrem modificadas em sua forma, função e ou significado” (Farraco,1991, p.10). O autor aponta ainda algumas características da mudança linguística. Esta é contínua, lenta e gradual, e relativamente regular. E, relata que para de fato uma variação linguística tornar-se uma mudança ela deve ser aceita na oralidade por toda comunidade de falante e “passar” para a escrita.
Como já relatei segundo Saussure a linguagem é muito complexa, e com este estudo da mudança linguística fica mais claro a complexidade e importância que a linguagem tem em nosso cotidiano e o quanto esta deve ser explorada pelos pesquisadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Ed. Lucerma, 2006.
COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramática histórica. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1956.
FARACO, Carlos Alberto. Linguística Histórica. São Paulo: Ática, 1991.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 7 ed. Curitiba: Positivo, 2008.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1997.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
Bem-vindos ao blog A língua de Luana! Esse blog atua como um elemento integrador de relacionamento e aprendizagem. Por meio dele, divulgo materiais de interesse à língua portuguesa, ao jornalismo, à literatura, à educação, enfim, temas que me fazem bem enquanto pesquisadora. Além de divulgar o que ando "aprontando" por aí... seja em projetos ou trabalhos como professora, jornalista, amante da linguagem! Convido você a fazer parte deste espaço.
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Muito bom! gostei bastante> Uma linguagem boa e fácil de se entender sobre Linguística, parabéns!
ResponderExcluirass: rafael (msn:rafaeloliveira15_@hotmail.com)
Muito bem escrito, parabéns. Estou usando este endereço nas referências bibliográficas de uma resenha. Obrigado, abraço.
ResponderExcluirAmei a forma com que colocou o pensamento de Saussure esclareceu muita coisa, obrigado!
ResponderExcluirExcelente explanação, de forma simples, objetiva, muito bem explicada, obrigado pelas informações.
ResponderExcluirExcelente!
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