Pessoas Gramaticais
Por
Cristine Costa e Luana Iensen
Professoras
de Língua Portuguesa do Alternativa Pré-Vestibular
Na crônica intitulada “Classes
gramaticais”, de J. Bicca Larré, publicada no jornal Diário de Santa Maria, o
cronista ao falar sobre o ser humano, o compara com
as classes gramaticais da língua portuguesa “as pessoas se dividem em
categorias distintas: os otimistas, os pessimistas e os fatalistas. Ao sabor da
percepção dos nossos cinco sentidos, distribuímo-nos como substantivos,
adjetivos, interjeições, verbos e conetivos de subordinação e coordenação”. Isso nos faz refletir o quanto nossa
língua perpassa todas as áreas do conhecimento e a nós mesmos, pois as
“palavras são como os signos do zodíaco do dia a dia de cada um”.
Alguns de nós, sonhadores e caracterizadores do viver, somos adjetivos,
enfeitamos o modo de ver a vida. Outros, “por pragmatismo e acentuada dose de
materialismo, são criaturas absolutamente substantivas”, ligados pelo
concretismo da vida, salvo, os abstratos, que dependem de outro ser para
existirem.
Temos também, correndo por aí, as pessoas verbos, caracterizadas “pela
ação, pela energia de realizar, pelo atropelo da pressa”. Essas fazem o mundo
girar e as demais classes se encontrarem. Afinal, todo substantivo espera seu
adjetivo, o encontro da alma gêmea.
Diante disso, acreditamos na força das pessoas
adjetivas, pois são pessoas sábias com experiência de vida. São essas pessoas
que caracterizam e enfeitam as pessoas substantivas. No entanto, acreditamos
também nas pessoas verbais de ação, pessoas que lutam todos os dias e não temem
as adversidades da vida. Essas pessoas são o nosso povo brasileiro, que apesar
de tanta injustiça, não desanimam, seguem sempre em frente, com a esperança e
fé em Deus de um futuro melhor.
Assim, nós, professores, tentamos ser verbos e conetivos coordenados na
busca da troca de conhecimentos com os alunos. Por quê? Por que queremos
cidadãos gramaticais na sociedade, que unidos com as ideias matemáticas,
físicas, históricas, etc. façam a construção de novos elos linguísticos
pessoais.
Diante desse contexto, com relação ao momento em que estamos
vivendo, é importante conseguirmos ser um pouco de cada classe gramatical,
precisamos ser, por exemplo, conetivos de subordinação, porque precisamos do
outro, assim como a segunda oração precisa da primeira para ter sentido. Assim,
para vocês entenderem melhor este comentário, eis a crônica na íntegra. Boa
leitura!
Classes
gramaticais
J. Bicca Larré
Afirmam
os gramáticos da religiosidade, que Deus criou o mundo através do Verbo. De
fato, todos nós vivemos pelas palavras. Cada um tem a sua classe gramatical
como um horóscopo do seu temperamento. As palavras são como os signos desse
zodíaco do dia a dia de cada um. Pretendo exemplificar melhor.
As
pessoas se dividem em categorias distintas: os otimistas, os pessimistas e os
fatalistas. Ao sabor da percepção dos nossos cinco sentidos, distribuímo-nos
como substantivos, adjetivos, interjeições, verbos e conetivos de subordinação
e de coordenação.
Uns,
como eu, por sonhadores e perseguidores da beleza, somos nitidamente
partidários dos adjetivos. São eles que enfeitam os substantivos. Não imagino o
que seria dos nossos pensamentos e das nossas expressões, não fossem os atavios
da adjetivação.
Outros,
por pragmatismo e acentuada dose de materialismo, são criaturas absolutamente
substantivas. Exceção seja feita aos abstratos. Os concretos sentem a vida na
crueza das coisas. Praticam o que a expressão “pão-pão, queijo-queijo” define
bem. Não voam pelas brancas nuvens dos sonhos.
Há
os que são verbos, caracterizados pela ação, pela energia de realizar, pelo
atropelo da pressa. Eu mesmo, quando bem mais moço e mais necessitado, fui um
verbal reconhecido. Depois de me estabilizar na vida, tornei-me adjetivo.
Existem,
também, os seres conetivos. Uns, os mais subordinados, são subalternos e
dependentes gramaticais das sociedades. Outros são coordenativos. São os
agentes sociais, os comunicadores, os advogados, os elos das ligações
interpessoais.
Apenas
os políticos são desclassificados. Pontuados de reticências, de temerárias
exclamações e de certezas imediatistas. E as certezas são as maiores inimigas
da verdade, como profligava Nietzsche.
São
as interjeições, entretanto, as mais emocionadas criaturas. “Hummm...!” é a
fala do gosto. “Macia...!” é a expressão do tato. A visão exclama: “que coisa
linda!”. O olfato é todo prazer para os otimistas: “que cheiroso!”. E todo
cheio de repulsa para os pessimistas: “que fedor!”. Já a audição é feita de
dúvidas: “como?”, “hein?”, “o quê?”, “oi!”, “alô”.
As
palavras, enfim, são criaturas vivas e aladas. Têm alma e sentimentos, como as
pessoas. São fugazes, às vezes. São ferinas, noutras. São amáveis, nem sempre.
São como são as criaturas. Não somos nós que fazemos as palavras. Elas é que
nos fazem.
realmente tudo q fazemos se palta nas palavras. Deus nos deu as palavras pra espressar oq sentimos ou fazemos. e tbm nos permite criar
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