A era do webjornalista

            A partir da visualização das práticas jornalísticas vigentes hoje e discussões e leituras teóricas na academia é possível perceber e vivenciar o jornalismo multimidiático. Isso significa que na atualidade é difícil que um jornalista trabalha apenas em uma plataforma: impresso, online, rádio, e outras; o que se nota que o repórter que vai cobri um evento distante ou um jornal que tem uma equipe reduzida de profissionais, esse jornalista faz cobertura, escreve textos para o jornal e online, edita vídeos e fotos e encaminha tudo para a redação.

            Neste contexto, no cenário atual do webjornalismo, tem-se a exigência de um perfil de jornalista e competências em mídias digitais. Torres (2012) acredita que o jornalismo online ainda está lento, no sentido que os jornais ainda investem mais no jornal impresso do que digital, mesmo sabendo que a venda do impresso está diminuindo. Mesmo assim, o trabalho online tem crescido e seu espaço será cada vez maior justamente pela possibilidade do webjornalismo.

Entende-se o webjornalismo como a exploração das ferramentas da web na produção do conteúdo jornalístico na internet. Esse conteúdo tem uma atualização contínua, uma transmissão mais rápida de sons e imagens, linguagens específicas e foca no leitor. Dessa forma é necessário que o profissional tenha habilidades em diferentes mídias digitais, como a produção de vídeos, imagens sons, infográficos.

Para os profissionais que já estão no mercado de trabalho, é necessária a busca de atualizações. Para os acadêmicos, tem-se a possibilidade aprender e praticar essas mídias ainda na universidade, claro que a experiência é que corroborará para com o desenvolvimento dessas habilidades.

Nessa perspectiva, o perfil do webjornalista exige vontade de aprender, conhecimento das ferramentas da web, competência nas características do webjornalismo (interatividade, instantaneidade, hipertextualidade, convergência, customização do conteúdo).

            Ainda é necessária uma formação específica, no sentido que o profissional compreenda o que o fazer jornalístico e como fazê-lo. Isso por que hoje há uma explosão de blogs e sites de redes sociais em que pessoas comuns publicam novidades (no sentido de notícia), mas até que ponto é seguro confiar nesses blogs?

            É neste sentido que se vislumbra a importância da formação e da profissão jornalística, por que o profissional é capaz de diferenciar o que ou não noticiável e também por utilizar meio de comprovação, de checagem das informações. Existem blogs confiáveis, mas, ainda prevalecem os que são de meios jornalísticos.

Para Corrêa e Corrêa (2007),

Os jornais precisam de mais jornalistas, e não de quaisquer jornalistas. São os que têm talento, preparo, experiência e condição de trabalho para oferecer ao leitor textos intelectualmente sofisticados, que tratam a notícia de forma multidimensional, com suas implicações humanas, sociais, políticas, econômicas e históricas.

            Os autores comentam ainda que para se repensar esse perfil de jornalista precisa-se de algumas habilidades, treinadas na formação acadêmica, considerando

– propostas pedagógicas que busquem o equilíbrio entre os preceitos do jornalismo, que permanecem inalterados independentemente do meio e do formato, e as possibilidades de inovar com a participação dos leitores, agora repórteres-cidadãos.

– implementação de processos de aprendizagem do diálogo, da redução do distanciamento entre jornalista (e seu veículo) e leitor, da prática do relacionamento interpessoal e formalmente do saber trabalharem equipe.

– a introdução de técnicas e ferramentas que efetivamente apoiem a práxis do reportar no meio digital e aprimorem gêneros e formatos jornalísticos mais enriquecidos. [...]

– a introdução de formatos pedagógicos em nível de graduação objetivando competências como desenvolvimento do pensamento lógico; brainstorming/criatividade, inteligência de sistemas; e abertura de um leque mais generalista no campo da cultura geral, não só leituras, mas uma real vivência das experiências culturais disponíveis em nossos ambientes. [...]

– competências, habilidades e atitudes na constituição de um perfil formação/atuação. Se pensarmos que competências estão na esfera de aquisição de conhecimentos, habilidades na esfera de aplicação destes conhecimentos e atitudes estão na esfera da cultura e da motivação organizacionais, abre-se aqui um natural campo de trocas universidade-empresa. É papel inerente da universidade o processo de ensino-aprendizagem na aquisição de conhecimentos; é papel inerente das empresas informativas a geração e manutenção de um ambiente e de uma cultura organizacionais que propiciem atitudes propositivas quanto à adequação dos conhecimentos providos por seus profissionais; é, por fim inerente à interação universidade-empresa o estabelecimento de pontes, relações e trocas adequadas e oportunas que propicie o desenvolvimento das habilidades (aplicação) em ambientes de prática (CORRÊA; CORRÊA, 2007).

Assim, nota-se que com essa democratização da produção de conteúdos, o diferencial é a formação e a prática do fazer jornalismo. Então, a tendência é que o profissional aprenda e trabalha cada vez mais com diferentes mídias digitais e sociais nas diferentes plataformas.

 Luana Iensen Gonçalves

Referências

TORRES, Cleyton Carlos. Jornalismo digital ainda briga por migalhas. Disponível online, no link: http://blogmidia8.com/2012/10/jornalismo-digital-ainda-briga-por-milhadas.html Acessado em 24 de Nov. de 2012.

CORRÊA, Elizabeth Saad; CORRÊA, Hamilton Luíz. Demandas profissionais e ofertas acadêmicas em tempos de mídias digitais. Estudos em Jornalismo e Mídia Ano IV - n. 2 - p. 25 a 36 - jul./ dez. 2007. Disponível online, no link: https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:zTrRcpBgb1QJ:www.periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/download/2197/2784+&hl=en&pid=bl&srcid=ADGEEShZEKGg8Rc4HiEZsgeyQO0GIbVe2MsPgF6QcnOlAv1UVieoXJwDCvol_johRpLi8intW-o4gcn4eHuhrEkCMsCpEhOtPgNWLLP7rCK7kpjKRFhs5HhwB_gs19akIBRxV8OtVG3q&sig=AHIEtbT62pHE_qZxMeHg2RWw7Rxwczs90A