O que as pessoas almoçam é
fotografado, o que elas vestem é fotografado, seus bichos são fotografados. A
rápida evolução das tecnologias formou uma geração selfie e hashtag que posta
um verdadeiro diário em suas timelines sem se preocupar com os sentimentos do
outro. Essa evolução formou uma geração de banalizadores da vida real. Foi
inevitável e infelizmente é um atrasado emocional e intelectual para a
sociedade atual e futuras gerações essa banalização nas redes sociais.
Os
eventos cotidianos e as emoções são banalizados constantemente na internet. Ao
acessar qualquer rede social, visualizamos injúrias, fotos de acidentes,
espancamentos, vídeos de execuções. Mostrar o pior do ser humano e o
desrespeito ao próximo está naturalizado na rede, parece que as pessoas
sentem-se inatingíveis por fazerem isso “protegidos” por aparelhos tecnológicos.
Exemplo recente que comprova essa desmoralização emocional, foi durante o
velório do candidato à presidência, Eduardo Campos. Mesmo num momento de dor e
tristeza da família, muitas pessoas aproveitaram para tirar uma selfie no
velório e compartilhar nas redes sociais. Tal atitude gerou revolta nos
comentários, o que evidencia que ainda podemos amenizar esse quadro.
Outro
lado obscuro dessa banalização é o empobrecimento intelectual das novas
gerações. A maioria dos adolescentes não leem totalmente o texto ou informação
que compartilham, curtem ou comentam nas redes sociais. Ainda, em
compartilhamentos de páginas de humor ou em publicações em suas timelines,
muitas pessoas denominam textos a autores
famosos, mas que não pertencem a eles. Divulgando assim informações incoerentes
e propagando um clico vicioso de compartilhamentos. Marina Castro, da Agência J.Press de
Reportagens, confirma que Verissimo,
Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, Arnaldo Jabor e Mario Quintana são
constantemente citados como autores de frases e versos que não são seus.
As evoluções tecnológicas serão cada
vez mais presentes em nossa sociedade. As crianças já crescem brincando em
tablets. Não se pode e nem devemos fugir desse problema de conexões
banalizadores. Diante desse desafio, precisamos amenizar a situação, portanto,
com o compartilhamento de uma nova visão de aproveitamento da tecnologia. Nas
escolas, os alunos devem ser motivados a usarem as redes sociais e
conscientizados a partir de oficinas sobre o perigo do mau uso delas. Aos
adultos, cabe uma reeducação pessoal sobre cidadania e respeito ao próximo,
seja no mundo real ou virtual.
Luana
Iensen Gonçalves
Publicado
no jornal Diário de Santa Maria, 03 de setembro de 2014.
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