quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

E agora, Ano Novo?

Para fechar o ano, parodiar Drummond:

E agora, Ano Novo?


A festa vai começar,
A luz se acendeu,
O povo chegou,
A noite esquentou,
E agora, Ano Novo?
E agora, Ano Novo?
Você que ainda não tem vida,
Que promete demais,
“você que faz versos,
que ama, protesta?”
E agora, Ano Novo?

Estão sem ninguém,
Não mudou o discurso,
Ainda sem carinho,
Olha lei seca,
Olha a lei anti-fumo,
Olha a educação, sem cusparada,
A noite esquentou,
O dia está nascendo,
O bonde lotou,
A gargalhada escancarou,
A utopia renasceu
E Tudo renovou
E Tudo voltou
E tudo reviveu,
E agora, Ano Novo?

E agora, Ano Novo?
Seu doce discurso,
Seu instante juvenil,
Sua obsessão,
Sua leitura,
Seu sapato Luiz XV,
Seu anel de strass,
Sua insanidade,
Sua paixão – e agora?

Com a inocência de criança,
Perdeu a chave,
Mas quer abrir a porta,
Escancarar a janela,
Pular de paraquedas do 25º andar,
Mas não há paraquedas,
Não há chave,
Ano Novo, e agora?

Se você cantasse,
se você gritasse,
se você dançasse
a moda da hora,
se você pulasse,
se você amasse,
se você nascesse…
Mas você demora pra nascer,
você é resistente, Ano Novo!

Abandonado no escuro
Feito criança,
Sem companhia,
Com medo do amanhecer,
Sem acompanhante
Que te estenda a mão,
Que te faça um cafuné,
Você renasce, Ano Novo!
Ano Novo, para quem?

Luana Iensen Gonçalves




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