O puzzle (o fragmento)
O escritor Amílcar Bettega Barbosa, natural de São Gabriel, Rio Grande do Sul, é mestre em literatura e autor de três livros de contos: O vôo do Trapezista (1994), Deixe o quarto como está (2002) e Os lados do Círculo (2004); além, de participar de publicações de algumas revistas e antologias.
O crítico de cinema e literatura José Geraldo Couto; é jornalista e tradutor, colunista do jornal A folha de São Paulo; diz que, a literatura de Bettega é marcada por um grande domínio técnico em que se deixa perceber uma autoconsciência crítica, alguns de seus contos se filiam ao chamado realismo fantástico, em que acontecimentos inesperados tomam conta dos personagens e/ou ambientes de forma “realista”.
Os textos de Bettega mostram uma preocupação maior com o trabalho de exercício da escrita, com frases polidas e poéticas; ele segue um caminho próprio da nova literatura brasileira, construindo uma obra que se mantém ligada através de personagens á procura de um sentido para se viver num mundo cada vez mais caótico de sentidos e significados.
O puzzle (o fragmento), do livro Os lados do círculo, traz como tema a individualização e a solidão, retratando essa solidão como uma busca da necessidade vital que o individuo têm em dialogar com o outro em tentar encontrar uma “organização” nesse mundo caótico. A fábula do texto desenvolve-se, a partir, do momento em que as personagens Marta, Eu (narrador), Alexandre, Campelli, Helena, Breno, Carlos, Lizandra, Roberto e Wagner, encontran-se nas esquinas e praças de Porto Alegre, e vão, juntos á caminho do Guaíba. Lá eles, dialogam (a partir das disposições dos objetos) e discutem em busca de suas identidades.
O processo da construção estética do autor é encantadora e instigante. A narração dos encontros das personagens em cada esquina è fascinante e nos prende a atenção, a fim de descobrirmos aonde eles vão. Outra característica desta criação estética percebe-se pela busca mútua dos personagens de sua identidade através da conversa com o outro e pelos objetos que cada um deles leva e dispõem na areia a fim de se descobrirem.
O conto de Bettega nos traz um questionamento instigante: será que um objeto traduz quem sou? E, é na perspectiva de encontrar uma resposta, que os personagens, a cada semana, trazem novos objetos e formam diferentes composições ( pares de objetos formando um círculo) na areia.
Segundo Kelvin K. pode-se dizer que o círculo, nos contos de Bettega, é a imagem que concentra em si, simultaneamente, o acaso e a deliberação meticulosa. Desta forma, a escrita de Bettega, está carregada de uma consciência de que a literatura apresenta um espaço de trocas e retomadas, uma circularidade criativa.
Além das considerações já apresentadas, O puzzle (o fragmento), é um conto, por ser uma narrativa curta, apresenta um núcleo dramático, têm uma força narrativa que causa impacto ao leitor, possui as unidades de tempo, espaço e lugar; e está narrado em terceira pessoa.
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