Brincadeiras
infantis X “brincadeiras” adultas
Quem nunca brincou de médico na
infância? Talvez seja uma das brincadeiras mais comum entre crianças de cinco a
sete anos. Talvez pela simples curiosidade de descobrir o próprio corpo e saber
o que meninos e meninas têm de diferente entre si.
É possível notar o brilhante olhar dos pais, que observam com graça a
pura inocência das crianças, ao verem seus filhos espiarem o que tem embaixo da
sai rodada e colorida da menina ou “dentro” da calça jeans do menino. E
realmente, é encantadora essa fase de conhecimentos e descobertas, as crianças querem
explorar o novo, saber o porquê e a visualização é forma que eles internalizam
melhor essas diferenças. A inocência dessas crianças é o que faz o ato de
“espiar” o órgão genital do outro um fato puro e sem malícias.
O que se torna inexplicável é quando os adultos resolvem entrar na
brincadeira, aproveitando da inocência desses pequenos. Impressionante ainda
são as artimanhas utilizadas por essas “criançonas”: desde a promessa de doces,
viagem, até ao limite da chantagem; “se você contar pra mamãe da nossa
brincadeira, o titio vai machucar você”.
Notícias e fotos chocantes de abuso sexual nos são apresentadas
diariamente pela mídia, seja virtual, impressa, visual ou auditiva. E o pior da
situação é que não apenas estranhos cometem esse crime, mas, os próprios pais,
avós, mães, tios; a família encontra-se desestruturada, ou melhor, o indivíduo
encontra-se perdido em meios a tantas crueldades que se vê todos os dias.
De um pequeno afeto, carinhos, passada de mão nos cabelos que viram
abusos, violência, que acaba com a infância deixando transtornos psicólogos na
criança. A história dos contos de fadas já anunciavam situações macabras e
terroristas com crianças (pois o final feliz demorou a chegar às histórias
infantis), mas o homem evoluiu, a sociedade transformou-se e esperávamos
cidadãos melhores, do bem, que cuidassem das crianças com amor e afeto.
O que se propõe para os novos tempos, e que seja bem próximo, é a volta
da brincadeira inocente de médicos na qual participam apenas as crianças, e os
pais, meros expectadores da curiosidade infantil.
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