quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Aula pública – Vamos falar sobre cotas?


Aula pública para debater as cotas

            A aula pública – Vamos falar sobre cotas? ocorreu nessa quarta-feira, 05/09/2012, às 18h, na Praça Saldanha Marinho. A manifestação foi uma iniciativa de vários coletivos como Afronta, AENUFSM, Levante, Corap, Ilê Ossanha, Práxi e entidades como DCE da UFSM, Assufsm, Sesufsm, Museu 13 de Maio e Rede Educação Cidadão para falarem sobre as políticas de ações afirmativas e das cotas nas universidades federais, além do apoio de movimentos sociais e estudantis.
Segundo acadêmica de Engenharia de Computação da UFSM, Winnie Silva, 20 anos, integrante do coletivo AFRONTA, a manifestação teve por objetivo esclarecer a população sobre as cotas e a nova lei aprovada pela presidente Dilma Rousseff, na semana passada, com caráter informativo, provocativo e de protesto.
Durante a aula, foi organizado uma mesa de debates na praça que contou com a participação de negros e indígenas, com destaque para a presença de Maria Rita Py Dutra, Suelen Gonçalves, Nei D’Ogum, e os líderes indígenas kaingang Natanael Claudino e Augusto. O coordenador da atividade foi o professor de história da UFSM, Cícero Santiago. Entre os discursos da noite, o líder indígena kaingang Augusto salientou como estão as universidades federais atualmente em relação è receptividade das diferenças, "A Universidade ainda está em Construção. A gente ainda não aprendeu a solidariedade. A gente ainda não se amou”.
Fala da estudante Suelen Gonçalves, cotista do curso Ciências Contábeis da UFSM

O público, composto principalmente por estudantes e por quem passava pela praça e já ficava escutando, acompanhou com atenção os debates. Para William Natael, 21 anos, vestibulando no Práxis Pré-Vestibular, e o aposentado, Gilmor Leal, gostaram da iniciativa, pois acreditam que muitas pessoas ainda não entendem como funciona as cotas.
Os presentes puderam ainda levar para casa o folder informativo que foi entregue. Nele, informações sobre as cotas, argumentação favorável às cotas dos organizadores do evento e também alguns dados referente à situação discriminatória vivenciada pelas populações indígenas e negras. Conforme conta no material, no mercado de trabalho, os negros recebem 50% menos que os não-negros e 90,23% dessa população negra ativa economicamente estão no emprego doméstico; na área rural, 38,4% das crianças indígenas não possuem certidão de nascimento. Os manifestantes defendem que o papel das cotas está além da possibilidade de ingresso no ensino superior público. O argumento no folder defende que “as cotas estimulam o debate sobre a questão racial, questionam a diversidade dentro das instituições de ensino” e objetivam “dar um novo significado à noção de justiça social”.

Saiba +
A referida lei, sancionada em 30 de agosto, prevê a reserva de 50% das vagas em instituições públicas para cotistas, unificando as cotas raciais e sociais, de modo que As universidades terão um prazo de quatro anos para se adaptarem à lei. No site do Portal da Legislação é possível conferir o decreto (http://www6.senado.gov.br/mate-pdf/112899.pdf). Em Santa Maria, em agosto, teve-se também um protesto contra a provação dessa lei.

Texto e imagem por Luana Iensen

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