As gerações da poesia do Romantismo Brasileiro
A primeira geração:
Nacionalista–indianista
- era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao
medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação
de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras
características presentes.
-Principais autores: Gonçalves de
Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o
introdutor do Romantismo no Brasil.
-Principais obras: Suspiros
Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico
brasileiro. Obras: Canção do exílio, I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou
com os outros dois a Revista Niterói-Brasiliense.
-Características: nacionalismo
ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo
(linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o
sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma,
emoções e sentimentalismo.
Exemplo:
Gonçalves Dias:
Canção do exílio
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá;
As
aves, que aqui gorjeiam,
Não
gorjeiam como lá.
Nosso
céu tem mais estrelas,
Nossas
várzeas têm mais flores,
Nossos
bosques têm mais vida,
Nossa
vida mais amores.
Em
cismar, sozinho, à noite,
Mais
prazer encontro eu lá;
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
Minha
terra tem primores,
Que
tais não encontro eu cá;
Em
cismar — sozinho, à noite —
Mais
prazer encontro eu lá;
Minha
terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem
que eu volte para lá;
Sem
que desfrute os primores
Que
não encontro por cá;
Sem
qu'inda aviste as palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
* Intertextualidade:
A segunda geração:
Também
conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do
século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores
impossíveis e a escuridão.
-Principais autores: Álvares de Azevedo,
Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire.
-Principais obras: Pálida à Luz, Soneto,
Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As
Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em
sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo.
-Principais características: Foram o profundo
subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo
(lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de
angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Exemplo:
Álvares Azevedo:
Se Eu Morresse Amanhã
Se
eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar
meus olhos minha triste irmã,
Minha
mãe de saudades morreria
Se
eu morresse amanhã!
Quanta
glória pressinto em meu futuro!
Que
aurora de porvir e que manhã!
Eu
perdera chorando essas coroas
Se
eu morresse amanhã!
Que
sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda
ti natureza mais louçã!
Não
me batera tanto amor no peito
Se
eu morresse amanhã!
Mas
essa dor da vida que devora
A
ânsia de glória, o dolorido afã...
A
dor no peito emudecera ao menos
Se
eu morresse amanhã!
Amor eterno - morte como salvação
A terceira geração:
Conhecida
também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma
construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as
coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande
pensador do social e influenciador dessa geração.
-Principais autores: Castro Alves,
Sousândrade e Tobias Barreto. Castro Alves, denominado "Poeta dos
Escravos", o mais expressivo representante dessa geração com obras como
Espumas Flutuantes e Navio Negreiro. Sousândrade não foi um poeta muito
influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras.
Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.
-Principais características: As principais
características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o
abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade
social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.
Exemplo:
"O NAVIO NEGREIRO"
(Tragédia no Mar)
Canto VI
Existe
um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha
terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a
mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
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