quarta-feira, 4 de abril de 2018

Português diário


            Na comunicação diária, há diversas expressões e construções que são usadas de forma errada pela grande maioria dos falantes. Conhecer essas expressões erradas é uma boa forma de tentar evitar a sua utilização.

Vamos a uma primeira lista:

“Para mim fazer”

A forma correta é para eu fazer. Quando o pronome pessoal assumir a função de sujeito, sendo seguido por um verbo no infinitivo, deverá ser usado um pronome pessoal reto (eu).
Aquele quebra-cabeça é para eu montar nas férias.

Apenas deverá ser usado um pronome pessoal oblíquo (mim) quando a expressão tiver a função de objeto indireto.
Você pode ler este papel para mim?

 

“Entre tu e eu”

A forma correta é entre mim e ti. Com a preposição entre, deverão ser usados pronomes pessoais do caso oblíquo (mim e ti), estando errado o uso de pronomes pessoais do caso reto (eu e tu) com essa preposição.
Esta situação deverá ser decidida apenas entre mim e ti.

 

“Meio-dia e meio”

A forma correta é meio-dia e meia. O numeral meia sofre flexão em gênero para concordar com o substantivo feminino hora, uma vez que essa expressão indica a décima segunda hora do dia - o meio-dia, mais meia hora.
Estarei em sua casa ao meio-dia e meia.

 “Se eu por, se eu ver, se eu manter”

As formas corretas são se eu puser, se eu vir, se eu mantiver. As construções se eu… e quando eu… implicam o uso do futuro do subjuntivo e não do infinitivo. Indicam o desejo ou a possibilidade de que algo aconteça no futuro. Embora o futuro do subjuntivo e o infinitivo pessoal sejam equivalentes nos verbos regulares, tal fato não acontece em vários verbos irregulares, apresentando formas verbais diferentes nesses dois tempos verbais.

Fico com dores nos ombros se eu puser os braços para cima.
Se eu vir sua prima na rua, dou o seu recado.

 

“Nós vai, nós quer, nós tem”

As formas corretas são nós vamos, nós queremos, nós temos. Com o pronome pessoal reto nós, o verbo deverá ser conjugado na 1.ª pessoa do plural. 
Nós vamos sair com os amigos do cursinho.
Nós queremos apenas saber a verdade.

Também estão erradas as construções a gente vamos, a gente queremos e a gente temos, uma vez que com a locução a gente, o verbo deverá ser conjugado na 3.ª pessoa do singular. O correto é a gente vai, a gente quer e a gente tem.

 

“Pode vim, vai vim, deve vim”

As formas corretas são pode vir, vai vir, deve vir. As locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar (pode, vai, deve) e por um verbo principal (vir). Apenas os verbos auxiliares podem ser flexionados em pessoa, número, tempo e modo. Os verbos principais apenas aparecem conjugados no infinitivo, particípio ou gerúndio.
Pode vir aqui, por favor?
Minha prima deve vir de avião.

 

 “Eu vi ele, eu ouvi ele, eu chamei ele”

As formas corretas são: eu o vi, eu o ouvi, eu o chamei ou eu vi-o, eu ouvi-o, eu chamei-o. Nas expressões erradas, o pronome ele atua como objeto direto, complementando verbos transitivos diretos. Assim, não deverá ser usado o pronome pessoal reto ele, mas um pronome pessoal oblíquo átono relativo à 3.ª pessoa do singular que assuma a função de objeto direto: o, a.
Eu não o vi na escola hoje de manhã.
Eu o ouvi chamando por mim no meio da multidão.

 

“Ele ti ama, ele mim ama, ele ti vê, ele mim vê”

As formas corretas são: ele te ama, ele me ama, ele te vê, ele me vê ou ele ama-te, ele ama-me, ele vê-te, ele vê-me. Está errado o uso dos pronomes oblíquos tônicos mim e ti porque eles assumem a função de objeto indireto, sendo precedidos de preposições. Como o verbo amar e o verbo ver são transitivos diretos, deverão ser acompanhados de pronomes oblíquos átonos, que assumem a função de objeto direto: me, te, se, o, a, nos, vos, os, as.
Será que ele me ama?
Ele te vê todos os dias!

“Nada haver”

A forma correta é nada a ver. Essa expressão é usada para indicar que duas ou mais coisas não estão relacionadas, que uma coisa não corresponde ou diz respeito a outra.
Eu não tenho nada a ver com essa confusão.

 



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