Na sociedade contemporânea, o
conceito de família é um dos temas que tem sido amplamente discutido/dialogado
pela população. Com a difusão da tecnologia e das redes sociais, as pessoas não
aceitam mais informações e decisões prontas. Elas discutem o que mídia mostra e
evidenciam suas opiniões. Entre os novos tipos de família discutidos está a
homoparentalidade, a qual necessita ser mais divulgada e explicada aos leigos
para que se diminua o preconceito existente a ela.
Podemos compreender que o surgimento de novos conjuntos
familiares aumenta devido a mudanças históricas e sociais no mundo moderno.
Muitos desses conjuntos têm características singulares, mas, para Passos (2005,
p. 32), “nenhuma é tão revolucionária quanto a família homoparental, já que
esta destitui um princípio fundamental na constituição do grupo familiar: a
diferenciação sexual”.
Mesmo com tantas mudanças e inovações na vida social
atual, quando se trata de casais homossexuais adotarem crianças, o preconceito
ainda se evidencia. É comum escutarmos em rodas de conversas entre amigos (e
geralmente de pessoas ditas “esclarecidas”, estudas) que não têm nada contra
aos homossexuais, “mas criar uma criança já demais”.
Em um breve entrevista com quatro pessoas do meu bairro e
trabalho, percebi que a maioria se mostra contraria a existência da família
homoparental: duas delas não concordam com a adoção de crianças por casais
homossexuais; uma concorda, reforçando que o importante é cuidar e amar; e uma
definiu como uma situação “complicada”, que dependeria se a crianças iria
entender o que é ter dois pais ou duas mães.
Quando questionadas se essas crianças, com pais
homossexuais, sofreriam preconceito na escola, três afirmaram que sim; e uma
afirmou que quando crianças não, apenas quando ficassem adultas. Ela comentou
que as crianças geralmente não têm preconceitos, são os pais, normalmente héteros,
que fazem comentários maldosos.
Ainda foi perguntado: “Você acredita que há diferença na
educação que esse casal dará aos filhos em relação ao casal heterossexual?”
Três pessoas responderam que não e uma que sim, que seria uma má influência
para a criança.
É importante ressaltar a faixa etária e gênero dos
candidatos: três mulheres; 16, 31 e 81 anos respectivamente, e um homem, 45
anos. As respostas mais negativas foram do entrevistado masculino e as
respostas mais positivas e liberais da entrevista do gênero feminino de 81
anos. O que chama atenção é que a mais jovem se mostrou conservadora e a mais
velha se mostrou conviver bem com a diversidade.
Mesmo sendo uma amostra pequena, ela é bastante
significativa e triste, pois evidencia que as pessoas têm dificuldade em
aceitar o diferente. Isso me deixa pessoalmente preocupada, pois eu sou pessoa
“aberta” no sentido de aceitar o diferente, inclusive já sofri preconceito por
ter amigos e parentes homossexuais, e ainda, percebo, na sala de aula, um
aumento de jovens homossexuais. Tentamos trabalhar esse tema na escola para
desmitificar os pré-conceitos criados pela sociedade, mas esse trabalho ainda
será árdua e longa para modificarmos a cultura preconceituosa vigente.
Precisamos mudar essa visão “fechada” de família com mãe,
pai e filhos. E tentar evidenciar o que afirma Passos:
A família de hoje impõe, no lugar da
hegemonia dos papéis e dos lugares fixos, uma maior flexibilidade na
constituição de posições e funções dos membros do grupo. Assim, ganha muito
mais força a forma como os pais do mesmo sexo, cada um a sua maneira,
representa este filho como um outro que atualiza seu desejo de transmissão e
continuidade, investindo-o, portanto, de um afeto fortemente narcísico (PASSOS,
2005, p. 36).
A partir das ideias expostas,
percebo que é preciso divulgarmos mais os novos tipos de famílias para que as
pessoas compreendam que o importante é o cuidar e amar e para que as crianças
crescem livres do preconceito.
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