domingo, 12 de julho de 2009

Sarau Literário 2009.


Juliana, o escritor Fabricio Carpinejar e eu.

Sarau Literário 2009.


Sarau Literário da Unifra, eu declamando!!

dica de Leitura

O Conto da Ilha Desconhecida - José Saramago
A busca de uma ilha que não consta em nenhum mapa é contada neste livro, que tem por trás de seu relato outra busca fundamental sobre o que sabemos e como lidamos com o desconhecido. Um homem vai ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha desconhecida. O rei lhe pergunta como pode saber que essa ilha existe, já que é desconhecida. O homem argumenta que assim são todas as ilhas até que alguém desembarque nelas.
Seu sonho, no entanto, parece cada vez mais distante. Os geógrafos do rei tentam dissuadi-lo, pois já não existem ilhas por conhecer; os marinheiros recusam-se a embarcar na aventura, o mar parece tenebroso...
Este pequeno conto de José Saramago, de 1998, pode ser lido como uma parábola do sonho realizado, isto é, como um canto de otimismo em que a vontade ou a obstinação fazem a fantasia ancorar em porto seguro. É um livro que nos leva a “navegar” para além do real, de uma forma simplista e conseguida. Antes, entretanto, ela é submetida a uma série de embates com o status quo, com o estado consolidado das coisas, como se da resistência às adversidades viesse o mérito e do mérito nascesse o direito à concretização. Entre desejar um barco e tê-lo pronto para partir, o viajante vai de certo modo alterando a idéia que faz de uma ilha desconhecida e de como alcançá-la, e essa flexibilidade com certeza o torna mais apto a obter o que sonhou.

Literatura - conto

O puzzle (o fragmento)

O escritor Amílcar Bettega Barbosa, natural de São Gabriel, Rio Grande do Sul, é mestre em literatura e autor de três livros de contos: O vôo do Trapezista (1994), Deixe o quarto como está (2002) e Os lados do Círculo (2004); além, de participar de publicações de algumas revistas e antologias.
O crítico de cinema e literatura José Geraldo Couto; é jornalista e tradutor, colunista do jornal A folha de São Paulo; diz que, a literatura de Bettega é marcada por um grande domínio técnico em que se deixa perceber uma autoconsciência crítica, alguns de seus contos se filiam ao chamado realismo fantástico, em que acontecimentos inesperados tomam conta dos personagens e/ou ambientes de forma “realista”.
Os textos de Bettega mostram uma preocupação maior com o trabalho de exercício da escrita, com frases polidas e poéticas; ele segue um caminho próprio da nova literatura brasileira, construindo uma obra que se mantém ligada através de personagens á procura de um sentido para se viver num mundo cada vez mais caótico de sentidos e significados.
O puzzle (o fragmento), do livro Os lados do círculo, traz como tema a individualização e a solidão, retratando essa solidão como uma busca da necessidade vital que o individuo têm em dialogar com o outro em tentar encontrar uma “organização” nesse mundo caótico. A fábula do texto desenvolve-se, a partir, do momento em que as personagens Marta, Eu (narrador), Alexandre, Campelli, Helena, Breno, Carlos, Lizandra, Roberto e Wagner, encontran-se nas esquinas e praças de Porto Alegre, e vão, juntos á caminho do Guaíba. Lá eles, dialogam (a partir das disposições dos objetos) e discutem em busca de suas identidades.
O processo da construção estética do autor é encantadora e instigante. A narração dos encontros das personagens em cada esquina è fascinante e nos prende a atenção, a fim de descobrirmos aonde eles vão. Outra característica desta criação estética percebe-se pela busca mútua dos personagens de sua identidade através da conversa com o outro e pelos objetos que cada um deles leva e dispõem na areia a fim de se descobrirem.
O conto de Bettega nos traz um questionamento instigante: será que um objeto traduz quem sou? E, é na perspectiva de encontrar uma resposta, que os personagens, a cada semana, trazem novos objetos e formam diferentes composições ( pares de objetos formando um círculo) na areia.
Segundo Kelvin K. pode-se dizer que o círculo, nos contos de Bettega, é a imagem que concentra em si, simultaneamente, o acaso e a deliberação meticulosa. Desta forma, a escrita de Bettega, está carregada de uma consciência de que a literatura apresenta um espaço de trocas e retomadas, uma circularidade criativa.
Além das considerações já apresentadas, O puzzle (o fragmento), é um conto, por ser uma narrativa curta, apresenta um núcleo dramático, têm uma força narrativa que causa impacto ao leitor, possui as unidades de tempo, espaço e lugar; e está narrado em terceira pessoa.

Ler é o primeiro passo

Desenvolvendo a leitura

A prática da leitura tem grande importância em nossa capacidade de compreender o mundo. A partir dela, obtemos informações a respeito de qualquer contexto e área do conhecimento, desenvolvemos um vocabulário rico e a aptidão de comunicação, disciplinando a nossa mente.
Para que alcancemos o objetivo maior da leitura , que é entender e reter o que se lê, é preciso ter consciência de começar a ler desde a infância. Esta consciência deve partir, primeiramente, dos pais e em seguida, da escola, dando estímulos aos alunos, para que estes criem o hábito da leitura no seu dia-a-dia. Como iniciativas, os pais podem organizar um “horário de leitura” em sua casa, fazendo com que a criança leia, desenhe e conte o que entendeu. Já na escola, além de uma biblioteca organizada e com variedade de textos, o professor deve trabalhar com poesias, contos e histórias em quadrinhos, para ativar a curiosidade dos pequenos.
O indivíduo, que cresce com o hábito e/ou a aprendizagem de leitura diariamente, torna-se um cidadão mais equilibrado e preparado para tomar decisões. Ele desenvolve habilidades como reflexão, atenção, espírito crítico e capacidade de pensar, de uma maneira que se torna um adulto consciente de que a leitura é uma atividade de vida essencial para seu desenvolvimento.
A partir dessas habilidades exercidas desde a infância, o indivíduo compreende melhor o ato da leitura, identificando-o como uma atividade de construção de sentido que pressupõe a interação da relação autor-texto-leitor. O treino, para essa relação autor-texto-leitor de fato acontecer, ocorre quando a criança aprende que a importância da leitura é fundamental para seu desenvolvimento e, também, quando ela tem o acesso a diversos tipos de texto, como contos, poesias, textos informativos, cantigas, entre outros. Com o desenvolvimento dessa relação, o indivíduo tem a possibilidade de ler diversos autores, descobrir diferentes perspectivas acerca do mesmo tema. Desta maneira, ele compreende e retêm a leitura, discutindo e formulando sua própria avaliação sobre os diversos assuntos.
Através desta relação texto-leitor, a leitura coloca a nossa disposição caminhos diversos. Com ela, procuramos conhecimentos e aventuras ficcionais, simultaneamente. A partir da literatura, percorremos mundos e aventuras, tornamo-nos heróis e vilões sem sairmos do lugar. E, com os textos teóricos, apreendemos conhecimento. Com esse exercício de leitura e com o aperfeiçoamento das habilidades já citadas, aprendemos a distinguir o mundo real do ficcional.
O ato da leitura deve ser encarado, portanto, como um exercício de indagação, de reflexão, de conteúdo, pois possibilita relações intelectuais. Esse exercício amplia e diversifica nossas visões e interpretações acerca do mundo e da vida. Com a prática da leitura, o indivíduo busca a aprendizagem e o aperfeiçoamento contínuo, compreendendo melhor o mundo.

Trabalho de Linguística III

ABORDAGENS DA LÍNGUA FALADA EM LIVROS DIDÁTICOS

Luana Iensen Gonçalves

A língua portuguesa não é e nunca foi homogênea. Tanto na oralidade quanto na escrita, a variação linguística pode ser observada, entretanto, no português falado, salienta-se a maior diversidade de usos e aceitação desses usos. O português falado no Brasil pode variar de acordo com a localização das comunidades, com as situações socioeconômicas dos falantes, pode até sofrer mudanças de pessoa para pessoa, dependendo da profissão, ou mesmo, formação profissional do falante. Bagno (2002) defende que é um mito prejudicial ao contexto escolar crer que a língua falada apresenta uma unidade, porque

(...) ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta impor sua norma linguística como se ela fosse, de fato, a língua comum a todos os 160 milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem geográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolarização etc. (p.15).

Dentro dessa perspectiva, os livros didáticos, como instrumentos de propagação de conhecimento, devem registrar e respeitar as diversidades linguísticas que existem em nosso país; devem, então, reconhecer a necessária alusão à oralidade, superando as barreiras impostas pelo ensino, quando esse se revela predominantemente gramaticalista e formal.
O uso de livros didáticos em sala de aula é quase uma regra das práticas pedagógicas das instituições de ensino. Por vezes, esses manuais não são completos, mas, por uma questão de terem sido escolhidos pela escola, devem ser “devorados” pelos alunos. É de grande importância que esses livros tragam conceitos e explicações aos alunos referentes às variedades linguísticas do português e que o professor saiba explicar as diferenças entre a língua escrita e a falada, já que “escrever nunca foi e nunca será a mesma coisa que falar” (GNERRE, 1998, p.08). Esses códigos da língua compreendem a realização de operações distintas, embora a origem (mente humana) e a finalidade (interação) possam ser comuns.
O livro didático Português em outras palavras, de Maria Gonçalves e Rosana Rios (1997), destinado a 7ª série do Ensino Fundamental, apresenta um trabalho com a língua falada a ser transcrita para o papel (escrita padrão). As atividades propostas pelas autoras promovem o trabalho de transposição dos códigos, pois pedem que os alunos troquem as marcas da oralidade das frases, por expressões da norma culta. Com a habilidade do professor, essa proposta pode, perfeitamente, ser motivadora de debates sobre os códigos da língua, serve, portanto, de um despertar para o fato de que a língua falada merece um espaço de discussão em sala de aula.
Outro manual didático observado foi o livro Português, de João Domingues Maia (2003), destinado ao Ensino Médio. Por meio da análise desta obra, constatou-se que o tema variedade linguística é abordado de maneira eficaz. O livro é dividido em 49 unidades que exploram a língua portuguesa, a literatura e a produção textual. As três primeiras unidades são destinadas as variedades linguísticas. A unidade um (01), intitulada a língua e suas variedades, apresenta textos teóricos referentes as variedades linguísticas do português. Segundo Maia (2003, p.12), “além das variações regionais, a língua varia conforme a época, a classe social, o nível de instrução, a faixa etária, a situação de comunicação, etc”, e explica, ainda, que as variações dependem do falante ou da situação de comunicação, e do registro (variação condicionada pela formalidade existente na situação da fala ou escrita). O autor utiliza, também, outros exemplos, como a gíria, o jargão e o calão. Apresenta pequenos textos sobre as variedades cultas, a linguagem oral e escrita, sobre o preconceito linguístico e o porque de estudar a língua padrão. Na unidade 02, comunicação e expressão, encontram-se os elementos da comunicação, sendo a língua seu principal meio de propagação. Na unidade 03, linguagem, língua, fala e discurso, Maia (2003) faz uma síntese das unidades anteriores e traz algumas definições de linguagem, língua, fala e discurso. Ao final de cada unidade há exercícios de fixação. Esse livro didático registra os principais conceitos sobre a linguagem e enfatiza a língua como um conjunto de variedades; no dizer de Bagno (2006) a língua como um “balaio de gatos”, repleta, pois, de variações.
Percebe-se que o livro didático deve ser observado como uma ferramenta de trabalho, oportunizando ao professor subsídios satisfatórios para aplicar em suas aulas. Com livros didáticos que abordem a língua falada e suas variações, caberá ao professor, alunos e comunidade escolar,

aceitar a idéia de que não existe erro de português. Existem diferenças de uso ou alternativas de uso em relação à regra única proposta pela gramática normativa. Não confundir erro de português (que, afinal, não existe) com simples erro de ortografia. A ortografia é artificial, ao contrario da língua, que é natural. (...) Reconhecer que tudo que a Gramática tradicional chama de erro é na verdade um fenômeno que tem uma explicação cientifica perfeitamente demonstrável. (...) e, respeitar a variedade linguística de toda e qualquer pessoa, pois isso equivale a respeitar a integridade física e espiritual dessa pessoa como ser humano (BAGNO, 2002, p.142,143 e 144).

Nesse sentido, os livros devem trabalhar com a variedade linguística existente no Brasil, para dar mais chances aos alunos de terem uma formação como cidadãos conscientes do mundo em que vivem e com um maior respeito diante da grande diversidade da língua falada – o que não implica em descuidar da norma padrão e, sim, em não considerá-la a única correta; acrescenta Bagno (2006) que todos os professores são professores de língua, pois utilizam dela como meio de transmissão de conteúdos. Assim, a transformação de como “encarar” as variedades não padrão tem que ser feita por todos os professores.
Por fim, caberá, então ao professor utilizar-se da criatividade para instigar discussões sobre a língua falada e a língua escrita com os alunos em sala de aula e na comunidade. Ele deverá encaminhar os mesmos ao conhecimento e divulgar referenciais teóricos extras para uma melhor compreensão da diversidade da língua portuguesa. É evidente que esse posicionamento diante da língua implica em uma forma de não discriminar as diferentes expressões linguísticas, sejam elas variedades de prestígio social ou variações ligadas ao uso corrente.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália. São Paulo. Contexto, 2006.
____ . Preconceito linguístico. São Paulo: Editora Loyola, 2002.
GNERRE, M. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
GONÇALVES, Maria Silvia; RIOS, Rosana. Português em outras palavras – 7°série. São Paulo: Scipione, 1997.
MAIA, João Domingues. Português – vol. único. São Paulo: Ática,2003.
Trabalho para disciplina de Linguística III, sob a orientação da profª Célia Della Méa

O preconceito linguístico na região de Carazinho.

Hoje divido o espaço com uma colega do curo. Aproveitem o texto: O preconceito linguístico na região de Carazinho. O relato apresentado po...