Hoje divido o espaço com uma colega do curo. Aproveitem o texto:
O preconceito linguístico na região de Carazinho.
O relato apresentado possui a finalidade de
observar com quais formas o preconceito linguístico está impregnado no nosso
cotidiano, principalmente pelos responsáveis que deveriam pôr um fim no ato de
zombar das pessoas que não tiveram a mesma educação que eles. Meu nome é Mônica
Hermes, eu tenho 19 anos e estou cursando o segundo semestre de Letras, na
Universidade de Passo Fundo.
Esse trabalho é referente à disciplina de
Sociolinguística, turma de 2020/02 na qual possui como docente Marlete Sandra
Diedrich, Doutora em Letras. No ano de 2019, eu trabalhava em um setor com mais
uma mulher, formada em Letras. Num determinado dia, esta mulher desdenhou da
forma de falar de umas das auxiliares de limpeza, a qual, ao pedir licença para
limpar o local em nos encontrávamos, falou da seguinte forma:
- “A sinhora podi mi dar licenca, frô?”
No mesmo momento, a mulher que estava ao
meu lado, ficou perplexa e começou a proferir xingamentos com o que ela chamara
de “falta de educação” por parte da faxineira, finalizando a frase com:
- “Vamos criar vergonha na cara e aprender
a falar direito, não é mesmo, flor?”
Teria sido correta a atitude dessa colega
de trabalho? Tal ação causada por essa profissional que deveria ter
conhecimento no assunto, uma pessoa que possui a profissão de tocar outras
vidas, com certeza ensinar, mas de forma mais humana, pode desdenhar da
educação que o outro não teve?
O problema é social, não linguístico.
Pessoas com vivências diferentes vão falar de forma diferente, não significa
que está errado, foi apenas o jeito que elas aprenderam. Nem mesmo o falante
que tem o mais profundo conhecimento da norma culta consegue segui-la 100%. Por
que então alguém que tem uma graduação completa consegue se achar no direito de
corrigir, de forma ríspida e grosseira, aqueles que não usam a pela norma-padrão?
Mônica Hermes, acadêmica de Letras, na Universidade de Passo
Fundo.