quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Metamorfose ambulante

Cássia Eller imortalizou em sua voz: “Mudaram as estações, nada mudou, Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, Tá tudo assim, tão diferente, Se lembra quando a gente, chegou um dia a acreditar, Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre sempre acaba”. Sim, tudo acaba, só sobra a busca pela felicidade interna.
Aquele casal de namorados que você admirava, sonhava em ter um amor assim na sua vida, como um conto e de fadas. Aí, você descobre que eles terminaram, a relação já era uma fachada. Não existiam mais os dois, era cada um para o seu lado. A bolha de vidro quebrou-se. Sabe aquela amiga, supervalorizada no trabalho? Um status social invejável? Pois é, no fundo sofria de depressão, largou tudo e agora é feliz, livre, leve e solta, trabalhando no seu próprio negócio.
Casos assim acontecem todos os dias. Todinhos. Realmente alguma coisa aconteceu, como já melodiava o Cássia Eller.Em mundo tecnológico, opressivo, em que as pessoas á não se olham mais, alguma coisa aconteceu. Que bom. Aconteceu coragem dentro dos corações e das almas das pessoas. Muitos querem ser borboleta, mas têm medo de passar pela transformação.
Coma as mudanças de estações, tudo ao lado de fora muda: a paisagem, o canto dos pássaros, os caminhos percorridos, os sorrisos, os abraços. Mas, refiro-me ainda às mudanças internas que começam a florescer junto à primavera. O frio me deixa acuada, mas a primavera me faz renascer.
A primavera faz desabrochar sonhos adormecidos, mais do que isso, faz-nos querer realizar sonhos. Ela nos dá ânimo e nos faz apressar o passo em busca de novos desafios e metamorfoses. Talvez seja isso que tenha acontecido.
Mudanças não são fáceis, mas são necessárias para podermos metamorfosearmos. Agora, está primavereando dentro de mim como uma borboleta em metamorfose. Espero vê-la nascer logo, voando além do horizonte. Afinal, “hoje o céu está lindo, é primavera...”.

Luana Iensen Gonçalves


domingo, 30 de agosto de 2015

Metamorfose antecipada



Ainda é agosto, mas a primavera já nos sorriu.
Não me refiro apenas à temperatura quente no meio do inverno que nos fez  guardar os casacos e procurar as roupas leves e a sandálias.
Não me refiro apenas às flores que desabrocharam antes do esperado. Inclusive, as ruas estão lindas e perfumadas. Rosas, amarelas, o dia tem amanhecido como um arco-íris.
Com o florescer mais cedo, o cantarolar dos passarinhos também se transforma em melodia ao nossa dia a dia. A natureza é um ciclo e uma misteriosa dádiva.
Refiro-me às mudanças internas que começam a florescer junto à primavera. O frio me deixa acuada, mas a primavera me faz renascer.
A primavera faz desabrochar sonhos adormecidos, mais do que isso, faz-nos querer realizar sonhos. Ela nos dá ânimo e nos faz apressar o passo em busca de novos desafios.

Está primavereando dentro de mim como uma borboleta em metamorfose. Espero vê-la nascer logo, voando além do horizonte. Afinal, “hoje o céu está lindo, é primavera...”.



domingo, 23 de agosto de 2015

crônica de um aluno

Semana passada teve viagem escolar, mas esse aluno não pôde ir e escreveu sobre os sentimentos.
Tive sentimentos muito próximos aos dele, por isso pedi para publicar e ele aceitou desde que eu não colocasse o nome dele, já que seria no meu blog. Segue:

10000 km
O que eu mais queria era que o tempo fosse totalmente acelerado durante esse dia tão infeliz, o qual eu aguentei com muito sono. Mandavam-me vídeos, fotos e áudios, mas realmente eu preferia estar lá. Sentir o momento, não ver ou escutá-lo, rir junto, cara a cara. Contrário de áudio e áudio. Madruguei junto, mas sem estar junto, gostei da viagem, por mais que eu não tenha participado dela. Andei pelo museu, sem estar lá, talvez esse seja um dos benefícios da internet. Fazer com que você viaje, sem necessariamente pegar a estrada. Só faltou mesmo foi o momento verdadeiro de tudo isso, para que se tornasse real. Só indo junto. O mais importante nem é o lugar, mas sim, estar com teus amigos. Agora que já não aguento mais de sono, porque a viagem foi longa, pretendo dormir e fingir que não senti tristeza alguma durante esse dia! Boa noite!
20 de agosto de 2015, 22h20min.

Aluno anônimo

sábado, 15 de agosto de 2015

de novo a "festa" na Saturnito...

Não é a primeira vez nem será a última que eu escrevo e reclamo da festa dos “bixos” (ou “bichos”?) na Saturnito. Todo semestre alguma autoridade se pronuncia dizendo que arrumarão um lugar para as festas, mas até agora nada resolvido. Por que não usam o centro de eventos da UFSM? É um atentado ao pudor à população santa-mariense que três quadras centrais sejam fechadas para uma festa nada inocente. Não basta beber, é preciso beber até cair, fazer barulho, correr em meio aos carros, quase ser atropelado. Como se isso não bastasse, em que situação a praça amanhece? Imunda, fétida, intransitável.
Como cidadã, preocupa-me saber que ali podem estar o meu futuro médico, advogado, professor, fisioterapeuta, pedagogo. É assim que deixarão seus consultórios depois do trabalho? É assim que deixam suas salas de aulas na universidade? É assim que deixam seus quartos? Não me venha com “estamos comemorando”. Essa desculpa não cola. Afinal, é assim que você comemora um aniversário, casamento ou formatura?
Como professora, decepciona-me saber que no meio da algazarra podem estar ex-alunos. Toda consciência de cidadania que passamos anos tentando vivenciar na escola esvazia-se em dois copos de cerveja.
Parabéns ao que fazem trotes solidários, parabéns aos que fazem suas festas com educação, parabéns ao que cuidam da limpeza da cidade, parabéns ao que têm e semeiam o sentimento de coletividade!!

sábado, 18 de abril de 2015

O câncer chamado corrupção

Décadas atrás Renato Russo já nos prenunciava o que vivemos hoje na nação brasileira: “Nas favelas, no senado / Sujeira pra todo lado / Ninguém respeita a constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação / Que país é esse?” É o Brasil da corrupção sem dó nem piedade. Essa corrupção o torna um país desorganizado e corrompe o desenvolvimento de seus três pilares: segurança, saúde e educação. Quando esses itens forem tratados como bens essenciais à população, seremos uma nação em “ordem e progresso”.
Diariamente os meios de comunicação evidenciam casos de assaltos, assassinatos, violência em plena luz do dia. Isso faz com as pessoas cerquem suas casas, instalem câmeras, controlem o horário de ir e vir. Tornamo-nos prisioneiros dos bandidos. E o direito de segurança previsto em lei? Verbas públicas são desviadas pela bancada política, e assim não sobra dinheiro para investir nos prédios, em mais concursos para termos mais policiamento nas ruas. É preciso que o governo deixe de ser corruptível e tenha atitudes práticas. Leis suficientes nós temos, basta que se faça cumpri-las igualmente para os cidadãos, sem discriminação; que se coloque mais policiamento nas ruas; iluminação pela cidade para nosso direito ser atendido.
Além de sentir-se seguro de casa para o trabalho ou do trabalho para o lazer, é direito da população uma saúde pública de qualidade. Seguidamente reportagens televisivas investigam escândalos envolvendo a saúde pública: são licitações fraudulentas para prefeitos desviarem dinheiro; são adulterações de receitas para médicos ganharem comissões; são vendas ilegais de remédios (que deveriam ser gratuitos à população) que fazem o mercado da corrupção crescer. Isso deixa o próprio sistema doente fazendo com que pessoas morram numa fila de espera por uma cirurgia. O Estado precisa de uma administração efetiva que combata a corrupção e que não se deixe corromper para que distribua o dinheiro de acordo com as necessidades de cada região. 
Outro setor brasileiro que tem sofrido com o “câncer” da corrupção é a educação. Mais uma vez muitos políticos aproveitam licitações para desviar recursos para suas contas particulares. Quem perde é a sociedade: alunos com escolas com problemas de infraestrutura, com falta de professores, com falta de merenda. Estudar em um ambiente limpo, iluminado, com material e professores capacitados além de estimular o aprendizado faria com que se diminuísse a taxa de abandono escolar.

Diante do exposto, percebemos que muitas coisas devem ser feitas para darmos uma resposta positiva à pergunta feita por Renato Russo. Para isso, é preciso que a população fiscalize seus governantes a fim de conquistarmos nossos direitos e lutarmos pela diminuição da corrupção. Já que, um povo que tem educação de qualidade, recebe bons cuidados médicos e promove uma ampla segurança.

Por uma desmecanização da práxis pedagógica


Na sociedade contemporânea, a educação é um dos temas que tem sido amplamente discutido/dialogado pela população. Com a difusão da tecnologia e das redes sociais, as pessoas não aceitam mais informações e decisões prontas. São feitos protestos pelas busca de melhorias, mas o caminho de mudança ainda é longo. Entre as abordagens discutidas está a práxis pedagógica do professor atual, a qual necessita desvincular-se da mecanização do ensino.
Para começar a acontecer essa desmecanização, primeiramente, é preciso que nós, professores, compreendamos e aceitemos a ideia de múltiplos espaços educacionais. Conforme as discussões em aula, a práxis é a construção coletiva do conhecimento a partir das práticas vivenciadas. Isso pressupõe além dos muros da sala da escola. E como afirma Bonilla (2005), todos estão em “permanente processo de aprendizagem e subjetivação, quer seja no mundo cultural em que vive, quer seja nos distintos espaços sociais e linguísticos por onde transita – família, grupos de iguais, escola, trabalho, movimentos sociais, poder público”.
Ao aceitarmos essa ideia de diversos espaços de aprendizagem, ficará também mais clara e facilitadora a valorização do conhecimento de mundo do aluno. Ao planejar uma aula, precisamos conhecer a realidade social em que nosso aluno vive e contextualizá-la ao conteúdo. Nenhum estudante é um ser vazio, como induziram os portugueses ao chegarem ao Brasil sobre os índios. De acordo com as vivências, leituras, troca; cada criança e jovem já chegam à escola com uma bagagem cultural, cabe ao professor aproveitar essa multiplicidade de opiniões para uma construção coletiva. Além disso, essa contextualização entre realidade social e escola faz com o estudante não apenas relacione, mas também vivencie prática e teoria e o que o professor seja um mediador dessa troca entre os alunos.
Outro ponto a ser considerado é a relação entre professor e alunos para além da sala da aula. Muitas vezes, a única palavra amiga ou abraço ou um pequeno toque de carinho que o jovem recebe do dia é o do professor. Hoje, nós somos mais que professores, somos amigos, somos psicólogos, até pais. Ainda, com as redes sociais, a aproximação entre professor e estudante é mais acentuada, eu, por exemplo, além ser amiga deles no facebook, utilizo da rede para divulgar materiais extras das disciplinas e temas gerais de interesse deles; converso pelo whats app e utilizamos do blog para trocar ideias e dicas de estudo. Na minha realidade como professora, a tecnologia é uma facilitadora de interação e práxis, no sentido de construção coletiva, basta estamos abertos a aprendermos juntos e dialogarmos.

A partir das ideias expostas, percebo que é preciso termos um meio termo entre a ideia de educação formal (espaço escolar) e não formal (espaços não escolares), entre inovação e conteúdo. Não conseguiremos colocar a práxis em efetivação em todas as aulas, mas, se em parte delas, instigarmos os alunos ao questionamento, ao sair do lugar comum, e atingirmos um pelo menos, já teremos feito a nossa mudança do mundo. É preciso que acreditemos nas pequenas mudanças diárias, ninguém mudará o cenário educacional da noite para o dia, é necessário mais empenho dos colegas professores.

Luana Iensen Gonçalves
Professora

domingo, 29 de março de 2015

Literatura: arte das plurissignificações


A Literatura se configura uma arte plurissignificativa porque permite múltiplas interpretações.
A subjetividade da Literatura imprime essa possibilidade de várias interpretações de mesmo texto. Ou, ainda, da possibilidade de diferentes sensações que um texto pode exprimir no leitor: riso, alegria, tristeza, paixão, indiferença...
Para tentarmos explorarmos a multiplicidade significativa, ou seja, a busca pelo uso da palavra em seus vários significados, leiamos o trecho do poema Procura da poesia:
Procura da poesia
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
[...]
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Carlos Drummond de Andrade

O próprio poema já expressa: “Chega mais perto e contempla as palavras. / Cada uma / tem mil faces secretas sob a face neutra [...]”, se as palavras não tivessem essa face neutra, de que fala Drummond, talvez a Literatura não pudesse ser considerada uma arte... A ideia é que essas mil faces (ainda que pareça hiperbólico demais para você) são as diversas possibilidades de significações de uma palavra conforme o contexto usado. Se você não compreendeu essa hipérbole, é porque, talvez,  ainda não descobriu o verdadeiro sentido da arte da palavra propriamente dita.

Observe ainda estes outros versos:
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

            Os poemas, as palavras estão “em estado de dicionário”, mas estão assim porque esperam ser escritos, pois quando materializados no papel, ganham novas significações. Esses versos ainda nos reforçam o pensamento sobre uso do sentido conotativo, por isso o contexto usado por cada escritor influencia no entendimento final do texto.
E que nem tudo é encontrado explicitamente no texto. É preciso ler as entrelinhas. A subjetivação muitas vezes é expressa justamente por figuras de linguagem, o que requer uma maior atenção do leitor.
Esse é o ponto essencial aqui discutido: quanto mais abordagens, quanto mais subjetivo, quanto mais conotativo, mais plurissignificativa será essa arte, maior amplitude de interpretações teremos.


Professora Luana Iensen

quarta-feira, 25 de março de 2015

Expressões que exigem cuidado – parte III


Tenha atenção a algumas expressões de nossa língua que exigem cuidado na hora de escrever. Estas expressões fazem parte do Manual de Redação e Estilo da Agência Estado.

P Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.

P O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.

P "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.

P Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.

P A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.

P Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação.

P "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: a meu ver, a nosso ver.

P Ele andava “à-toa” pela cidade. O correto é à toa (locução adverbial, portanto não varia): Vamos andar à toa para nos distrairmos. Já à-toa (adjetivo invariável, com hífen) significa fácil, desprezível: Teu amigo é um sujeitinho à-toa.

P Estou “afim de” curtir a balada. Afim significa semelhante, que tem afinidade: Estes livros são de áreas afins. A fim de significa finalidade: Chegamos cedo a fim de pegar um bom lugar.

P Estamos “acerca” de 10 minutos do local. Acerca significa sobre, a respeito de: A palestra  de hoje foi acerca do aquecimento global. Já a cerca significa próximo a: Estamos a cerca de 10 minutos do local. Há, ainda, a expressão há cerca de que indica tempo decorrido: Estamos há cerca de 10 horas esperando na fila.


segunda-feira, 16 de março de 2015

Gerações da Poesia Romântica

As gerações da poesia do Romantismo Brasileiro

A primeira geração:
Nacionalista–indianista - era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes.
-Principais autores:  Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil.
-Principais obras: Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção do exílio, I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois a Revista Niterói-Brasiliense.
-Características: nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
Exemplo:
Gonçalves Dias:
Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

* Intertextualidade:



A segunda geração:
Também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
-Principais autores: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire.
-Principais obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo.
-Principais características: Foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Exemplo:
Álvares Azevedo:

Se Eu Morresse Amanhã 
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã,
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda ti natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

Amor eterno - morte como salvação



A terceira geração:
Conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.
-Principais autores: Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto. Castro Alves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante dessa geração com obras como Espumas Flutuantes e Navio Negreiro. Sousândrade não foi um poeta muito influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras. Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.
-Principais características: As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.
Exemplo:
"O NAVIO NEGREIRO"
(Tragédia no Mar)

Canto VI
Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares!




segunda-feira, 9 de março de 2015

Linguagem Literária e Não Literária

A linguagem, brevemente explicando, é a expressão do pensamento, do que queremos comunicar, por meio de palavras. É qualquer meio de exprimir o que se sente ou pensa. É um conjunto de sinais, visuais ou fonéticos, a partir dos quais se estabelece a comunicação.


A linguagem literária é caracterizada por múltiplos significados que uma palavra pode assumir em um texto, muitas vezes utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum. Ou seja, a exploração do sentido denotativo das palavras.

Exemplo:
Procura da Poesia

[...] Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Já a linguagem não literária é a utilizada com o seu sentido comum, aquilo que as palavras ou as coisas querem dizer, ou seja, o uso do sentido denotativo das palavras. É a linguagem dos textos informativos, jornalísticos, científicos, técnicos etc.
Exemplo:

Lentidão no caminho para Itaara

Obras de conservação e manutenção causam congestionamentos

Os trabalhos de conservação e manutenção da BR-158, entre Santa Maria e Júlio de Castilhos, têm provocado congestionamentos e deixado motoristas impacientes. No final de semana foi registrada uma fila de veículos que começava no Trevo do Castelinho em direção a Itaara, onde havia obra de recuperação da pista no km 321.
Dede o mês passado, a empresa Della Pasqua começou as obras de manutenção e conservação da via. Segundo o dono da empresa, Mauro Della Pasqua, o trabalho seguirá pelos próximos meses, para recuperar a rodovia até Júlio de Castilhos:
- É preciso interromper o trânsito quando há fresagem (retirada do asfalto velho) para colocar novo asfalto.
A Polícia Rodoviária Federal alerta os motoristas que, além dos trechos com trânsito interrompido em um dos sentidos da via, os locais que irão passar por manutenção só receberão a sinalização horizontal após o término de todas as obras prevista, o que exige atenção redobrada.  [...]



sexta-feira, 6 de março de 2015

Amante – a origem de uma palavra e seus múltiplos sentidos

Amante
                Quem diria! Uma simples frase de apresentação causou alvoroço hoje na sala de aula. Desde que eu me conheço por professora, uso a seguinte frase de apresentação nas minhas apostilas: “Casada com a linguística e amante da literatura”. Explico: o casamento foi entrelaçado com a linguística pelo gosto de pesquisar e estudar o português. A relação com a literatura, mesmo com estudos da faculdade, sempre foi muito mais por fruição, ou seja, prazer de ler. Por isso, a vontade intensa de transformar os encontros literários escolar em algo que proporcione afinidade dos alunos com a leitura literária.
            
    Mas o que me chamou a atenção é o susto que alguns alunos tiveram ao ler em voz alta a palavra amante, sem prestar atenção ao resto da frase. Ser amante da literatura significa se entregar à leitura, ao enredo do livro: vivenciar, imaginar, viajar com a narrativa. Ler é como ter outras vidas, secretas, deliciosas, ao simples alcance de nossas mãos: em um livro.
                Ser amante é amar alguém ou algo. Nesse caso, a leitura literária. Aqueles olhares curiosos risonhos fizeram-me procurar os cadernos de pragmática e relembrar a origem da palavra a mante: “amante vem do latim AMANS, ‘aquele que ama’, de AMARE, ‘amar’, que vem de AMOR, ‘amor’”.
                Ou seja, o significado original é simples e amoroso, sinônimo de amor. Nada a ver com traição. No entanto, como a língua é um “ser” vivo, ao longo do tempo, algumas palavras ganham novos significados, conforme o contexto usado. Por isso, em alguma época da história, a palavra amante foi relacionada àquela pessoa que mantém relações amorosas ilícitas.
                Quer saber? Eu sou mais do amante como aquele que amar. Já que as palavras podem transformar-se conotativamente, eu fico com essa relação: amante = amor. E você?

Luana Iensen Gonçalves

quarta-feira, 4 de março de 2015

Perfil


 O múltiplo Benaduce
No primeiro semestre no qual eu fui colega do Benaduce Guilherme (porque a sua apresentação é o Benaduce na frente e é assim que gosta que o chamem), imaginava que ele seria aquele estudante do contra: um olhar intimidador, como se fizesse uma leitura de que acontecia ao seu redor e já se pronunciaria fora do eixo imaginário da turma. Típico da primeira impressão, mas que bom que existem outras.
Preto no Branco. Arquivio Pessoal

Só com o tempo e a convivência em algumas disciplinas, aprendi que aquele era um olhar de quem capta o momento das pessoas ao seu redor principalmente por meio de câmeras. E sua captação, mesmo não se considerando alguém sensível diante de algumas situações, torna-se mais humana por apresentar-se em preto e branco, ou melhor, preto no branco. O instante do sentimento fica tatuado no papel.
Quando tive o privilégio de conversar com ele, fui descobrindo que esse olhar já se manifestava desde o ensino médio. O que talvez fosse uma das razões por trocar a filosofia por jornalismo e iniciar uma nova fase de questionamentos. Na época da faculdade, por trabalhar com taekwondo, cancelou a matrícula do jornalismo na federal e começou a cursar educação física paralelamente ao jornalismo na Unifra. E isso se foi até ao 7º semestre do curso da federal, quando, em um momento de lucidez, percebeu que ser educador físico não era a sua escolha para uma vida toda.
Optar pelo jornalismo foi a possibilidade de continuar a ser chato, que para ele significa ser questionador do pensamento alheio. Talvez aí esteja o porquê de um olhar observador. Talvez aí esteja a sua autodefinição de ser uma pessoa de fases, multiplicidades.
Além da conversa corpo a corpo, um meio de hoje descobrirmos algumas pinceladas da identidade de uma pessoa é espiarmos uma rede social dela. E nesse quesito, Benaduce define que seu perfil no facebook evidencia três temas que ele aprecia sem moderação: trabalho, mulher e cerveja.
O jovem captador de momentos concorda com a máxima que o trabalho dignifica o homem. A possibilidade de trabalhar atualmente em uma revista o deixa satisfeito, pois é um trabalho palpável. É possível ver, tocar o material e perceber o quanto pode transcender o papel de um jornalista, já que até chegar àquele produto, toda uma rotina produtiva precisou ser organizada. 
Conforme poetizou Martinho da Vila, Benaduce já teve “mulheres de todas as cores / De várias idades, de muitos amores / [...] do tipo atrevida / Do tipo acanhada, do tipo vivida / [...] Mulheres cabeça e desequilibradas / confusas, de guerra e de paz”. A admiração pelo sexo oposto e pelas várias faces secretas que podem emanar de uma mulher possibilitou o viver uma paixão por cada uma dessas diferentes mulheres.
Outra face da personalidade do Benaduce é a terceira palavra-chave: cerveja. Esse precioso líquido, para ele, nada tem a ver com exageros, mas sim com o prazer da apreciação. Melhor ainda se for da companhia de amigos ou família regrados de uma boa conversa, e, por que não, de uma boa filosofia.
Desvendar a personalidade de um desconhecido não é fácil. Às vezes, a insegurança de fazer uma pergunta inadequada pode nos fazer perder a chance a conhecer melhor o outro. Mas a possibilidade de mudar as nossas certezas a respeito de alguém não tem preço. Conhecer o outro é poder olhar para nós mesmos e renovarmos os questionamentos.

Luana Iensen Gonçalves - março 2015

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Uso dos pronomes eu e mim

Eu x Mim
Quando usá-los?
As gramáticas da língua portuguesa recomendam que as formas oblíquas tônicas dos pronomes pessoais sejam regidas de preposição. Esses pronomes são: mim, ti, ele, ela, si, você, nós, vós, eles, elas, si, vocês. Assim:
Venham a mim.
Meu aluno precisa de mim.
Joana só pensa em si (mesma).
Tudo já foi dito a vocês.

Até aqui sem problemas. No entanto, existe uma confusão em relação ao uso correto (padrão) do pronome pessoal do caso oblíquo tônico "mim" e o pronome pessoal do caso reto "eu". A dificuldade aparece em frases como esta:

a) "No jantar, Lili ficou entre mim e ele, o padrinho, e, coisa incrível, deu-me mais atenção que a ele."

As gramáticas condenariam, por exemplo, o uso de "Lili ficou entre eu e ele...", porque "entre" é uma preposição e exige, como já ressaltado, o pronome na forma oblíqua tônica "mim", e não a forma pessoal do caso reto "eu".


Há ainda outra confusão, quando há casos como os seguintes:
b) Ana fez de tudo para eu falar.
c) Não façam nada sem eu saber.

Nesses exemplos, temos a forma reta depois de uma preposição. E este correta, pois as gramáticas afirmam que se usam as formas retas, mesmo depois de uma preposição, quando o pronome for sujeito de um verbo infinitivo que vier a seguir.


Profª Luana Iensen

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