sábado, 28 de fevereiro de 2015

Uso dos pronomes eu e mim

Eu x Mim
Quando usá-los?
As gramáticas da língua portuguesa recomendam que as formas oblíquas tônicas dos pronomes pessoais sejam regidas de preposição. Esses pronomes são: mim, ti, ele, ela, si, você, nós, vós, eles, elas, si, vocês. Assim:
Venham a mim.
Meu aluno precisa de mim.
Joana só pensa em si (mesma).
Tudo já foi dito a vocês.

Até aqui sem problemas. No entanto, existe uma confusão em relação ao uso correto (padrão) do pronome pessoal do caso oblíquo tônico "mim" e o pronome pessoal do caso reto "eu". A dificuldade aparece em frases como esta:

a) "No jantar, Lili ficou entre mim e ele, o padrinho, e, coisa incrível, deu-me mais atenção que a ele."

As gramáticas condenariam, por exemplo, o uso de "Lili ficou entre eu e ele...", porque "entre" é uma preposição e exige, como já ressaltado, o pronome na forma oblíqua tônica "mim", e não a forma pessoal do caso reto "eu".


Há ainda outra confusão, quando há casos como os seguintes:
b) Ana fez de tudo para eu falar.
c) Não façam nada sem eu saber.

Nesses exemplos, temos a forma reta depois de uma preposição. E este correta, pois as gramáticas afirmam que se usam as formas retas, mesmo depois de uma preposição, quando o pronome for sujeito de um verbo infinitivo que vier a seguir.


Profª Luana Iensen

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Expressões que exigem cuidado – parte II

Tenha atenção a algumas expressões de nossa língua que exigem cuidado na hora de escrever. Estas expressões fazem parte do Manual de Redação e Estilo da Agência Estado.

P Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco minutos. indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros.

P Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.

P À medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se espalhava...

P Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não "dos mesmos").

P A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa contrariedade: A queda dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas.

P Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.

P A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / Na entrevista em que...

P Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado (avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.

P Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje.


P O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.

Professora Luana Iensen 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

"a gente" x nós

Uso do “a gente” no lugar de “nós”

É possível utilizar a expressão “a gente” no lugar de “nós”, mas apenas na linguagem coloquial, ou seja, nas nossas conversas do dia a dia ou em bate-papo informal. No entanto, na linguagem formal, em um texto que escrevemos na escola, na faculdade, em concursos, devemos usar "nós". A gramática normativa, por enquanto, aceita apenas o “nós” como pronome. Já existem diversas pesquisas sobre o uso do “a gente”, mas ainda não foi considerado cientificamente aceito pela Academia Brasileira de Letras.
ATENÇÃO: como deve ser a concordância quando usamos o "a gente": "A gente quer" ou "A gente queremos"? O correto é: A gente quer. E "nós"? Nós queremos.
Ou seja: para a expressão “a gente” utiliza-se o verbo conjugado na terceira pessoa do singular, ou ainda, essa expressão pode ter uma oração reduzida introdução pelo pronome que ou se. Mais exemplos:
(...) Infelizmente a gente tem que tá ligado o tempo inteiro
Ligado nos pilantra e também nos bagunceiro
E a gente se pergunta porque a vida é assim?
É difícil pra você e é difícil pra mim. (...) Fonte: Senhor do tempo, Charlie Brown Junior.







Português padrão
literário
Português padrão
coloquial
Eu AMO
Tu AMAS
Ele AMA
Nós AMAMOS
Vós AMAIS
Eles AMAM
Eu AMO
Você AMA
Ele AMA
A gente AMA
Vocês AMAM
Eles AMAM

Profª Luana Iensen


Referências
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália. Novela sociolinguística. 15.ed. São Paulo: Contexto, 2006.
BAGNO, Marcos. Não é errado falar assim! Em defesa do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

LOPES, Celia Regina dos Santos. Nós por a gente: uma contribuição da pesquisa sociolinguística ao ensino. In: CARDOSO, Suzana Alice Marcelino (org.) Diversidade Linguística e Ensino. Salvador: EDUFBA, 1996. P. 115-123

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Expressões que exigem cuidado – parte I


Tenha atenção a algumas expressões de nossa língua que exigem cuidado na hora de escrever. Estas expressões fazem parte do Manual de Redação e Estilo da Agência Estado.

P "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo.

P "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: a salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

P Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.

P A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, seção de Esportes; sessão de cinema, sessão do Congresso.

P Não sabiam "aonde" ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?

P "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: "Obrigada", disse a moça. / Obrigado pela atenção.

P Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio esperta, meio amiga.

P A questão não tem nada "haver" com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.

P Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão.


P Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.

Profe. Luana Iensen

O preconceito linguístico na região de Carazinho.

Hoje divido o espaço com uma colega do curo. Aproveitem o texto: O preconceito linguístico na região de Carazinho. O relato apresentado po...