terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pessoas Gramaticais


Pessoas Gramaticais

Por Cristine Costa e Luana Iensen
Professoras de Língua Portuguesa do Alternativa Pré-Vestibular

Na crônica intitulada “Classes gramaticais”, de J. Bicca Larré, publicada no jornal Diário de Santa Maria, o cronista ao falar sobre o ser humano, o compara com as classes gramaticais da língua portuguesa “as pessoas se dividem em categorias distintas: os otimistas, os pessimistas e os fatalistas. Ao sabor da percepção dos nossos cinco sentidos, distribuímo-nos como substantivos, adjetivos, interjeições, verbos e conetivos de subordinação e coordenação”. Isso nos faz refletir o quanto nossa língua perpassa todas as áreas do conhecimento e a nós mesmos, pois as “palavras são como os signos do zodíaco do dia a dia de cada um”.
Alguns de nós, sonhadores e caracterizadores do viver, somos adjetivos, enfeitamos o modo de ver a vida. Outros, “por pragmatismo e acentuada dose de materialismo, são criaturas absolutamente substantivas”, ligados pelo concretismo da vida, salvo, os abstratos, que dependem de outro ser para existirem.
Temos também, correndo por aí, as pessoas verbos, caracterizadas “pela ação, pela energia de realizar, pelo atropelo da pressa”. Essas fazem o mundo girar e as demais classes se encontrarem. Afinal, todo substantivo espera seu adjetivo, o encontro da alma gêmea.
 Diante disso, acreditamos na força das pessoas adjetivas, pois são pessoas sábias com experiência de vida. São essas pessoas que caracterizam e enfeitam as pessoas substantivas. No entanto, acreditamos também nas pessoas verbais de ação, pessoas que lutam todos os dias e não temem as adversidades da vida. Essas pessoas são o nosso povo brasileiro, que apesar de tanta injustiça, não desanimam, seguem sempre em frente, com a esperança e fé em Deus de um futuro melhor.
Assim, nós, professores, tentamos ser verbos e conetivos coordenados na busca da troca de conhecimentos com os alunos. Por quê? Por que queremos cidadãos gramaticais na sociedade, que unidos com as ideias matemáticas, físicas, históricas, etc. façam a construção de novos elos linguísticos pessoais.
 Diante desse contexto, com relação ao momento em que estamos vivendo, é importante conseguirmos ser um pouco de cada classe gramatical, precisamos ser, por exemplo, conetivos de subordinação, porque precisamos do outro, assim como a segunda oração precisa da primeira para ter sentido. Assim, para vocês entenderem melhor este comentário, eis a crônica na íntegra. Boa leitura! 

Classes gramaticais
J. Bicca Larré
Afirmam os gramáticos da religiosidade, que Deus criou o mundo através do Verbo. De fato, todos nós vivemos pelas palavras. Cada um tem a sua classe gramatical como um horóscopo do seu temperamento. As palavras são como os signos desse zodíaco do dia a dia de cada um. Pretendo exemplificar melhor.
As pessoas se dividem em categorias distintas: os otimistas, os pessimistas e os fatalistas. Ao sabor da percepção dos nossos cinco sentidos, distribuímo-nos como substantivos, adjetivos, interjeições, verbos e conetivos de subordinação e de coordenação.
Uns, como eu, por sonhadores e perseguidores da beleza, somos nitidamente partidários dos adjetivos. São eles que enfeitam os substantivos. Não imagino o que seria dos nossos pensamentos e das nossas expressões, não fossem os atavios da adjetivação.
Outros, por pragmatismo e acentuada dose de materialismo, são criaturas absolutamente substantivas. Exceção seja feita aos abstratos. Os concretos sentem a vida na crueza das coisas. Praticam o que a expressão “pão-pão, queijo-queijo” define bem. Não voam pelas brancas nuvens dos sonhos.
Há os que são verbos, caracterizados pela ação, pela energia de realizar, pelo atropelo da pressa. Eu mesmo, quando bem mais moço e mais necessitado, fui um verbal reconhecido. Depois de me estabilizar na vida, tornei-me adjetivo.
Existem, também, os seres conetivos. Uns, os mais subordinados, são subalternos e dependentes gramaticais das sociedades. Outros são coordenativos. São os agentes sociais, os comunicadores, os advogados, os elos das ligações interpessoais.
Apenas os políticos são desclassificados. Pontuados de reticências, de temerárias exclamações e de certezas imediatistas. E as certezas são as maiores inimigas da verdade, como profligava Nietzsche.
São as interjeições, entretanto, as mais emocionadas criaturas. “Hummm...!” é a fala do gosto. “Macia...!” é a expressão do tato. A visão exclama: “que coisa linda!”. O olfato é todo prazer para os otimistas: “que cheiroso!”. E todo cheio de repulsa para os pessimistas: “que fedor!”. Já a audição é feita de dúvidas: “como?”, “hein?”, “o quê?”, “oi!”, “alô”.
As palavras, enfim, são criaturas vivas e aladas. Têm alma e sentimentos, como as pessoas. São fugazes, às vezes. São ferinas, noutras. São amáveis, nem sempre. São como são as criaturas. Não somos nós que fazemos as palavras. Elas é que nos fazem.




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

“Se”


“Se”
Ontem o time reserva gremista jogou pelo Gauchão e teve um espetacular resultado: 5 x 1, um chocolate. Hoje, no jogo pela Copa Libertadores, o time titular. O mínimo que a torcida esperava era uma vitória espetacular, mesmo que de 1 x 0.
Mas, o Grêmio teve problemas além das quatro linhas, além da chuva, foi um problema gramatical. Sim, gramatical. Acompanhei o jogo com alguns vizinhos e o que mais escutei foi “se”.
Essa bendita partícula. “Se tivesse passado a bola”, “se tivesse jogado direto ao gol”, “se tivesse defendido”, “se tivesse torçado o jogador”, “se o juiz não roubasse”. Partícula que nesses comentários funcionou como conjunção condicional. “SE”... Evidenciando as condições para a vitória que não ocorreu...
Foi a noite do “se”. “Se tivesse vencido”.
Que na próxima aula, o Grêmio já tenha aprendido essa lição.

O preconceito linguístico na região de Carazinho.

Hoje divido o espaço com uma colega do curo. Aproveitem o texto: O preconceito linguístico na região de Carazinho. O relato apresentado po...