quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Pegadora

         Ela pega geral! Não quer nem saber o que os pensam, dizem ou difamam por aí. Quanto mais, melhor; esse é seu lema.
            Na biblioteca da faculdade, ela pega todos da disciplina. Devora um por um. Nenhum livro escapa, se bobear, vai pesquisar além. Afinal, leitura nunca é demais para essa pegadora intelectual. Nas férias, ela viaja na literatura, compartilha de sonhos, aventuras, conhece lugares incríveis, se apaixona perdidamente, multiplica-se em várias e transborda de felicidade em Pasárgada. Mas não é só isso. Ela ministra tão bem seu tempo que se atualiza em filosofia, artes, política. Nada escapa aos seus olhos devoradores.
            As colegas da faculdade não entendem. Tá, tudo bem, ela é bem ajeitada, bonita, mas não tem o corpo sarado. Só que no bar, a pegadora sempre sai na frente, pois quando ela movimenta os lábios, sua conversa flui como música aos ouvidos de quem compartilha de sua presença. E não é só questão de melodia, é questão de conteúdo. Ela envolve todos a sua volta, como uma serpente ela vai puxando para si o momento, é um envolvimento de palavras, sussurros, histórias.

            É que ela é a pegadora do pedaço. E antes de malhar o corpo, ela malha a mente, ela malha a língua, ela malha a alma. Tem como não se deixar pegar?

Luana Iensen

Onomatopeias da vida

Buáaaaabuáaaaaabuáaaaa
Gugu dadá gugu dadá
Tec tec tec tec tec tec
toc toc toc toc toc
tuche tuche tuche tuche tuche
ahhh ahhhh AHHHHH
mais vaiiiiii AHHHHH ahhhhhhhhhhhhhhhhhh
fuuuu shiiii  fuuuu shiiii ãhãhãhãhãh

Buáaaaabuáaaaaabuáaaaa

domingo, 12 de janeiro de 2014

Análise Sintática

Segundo a gramática, período simples ocorre quando a oração é composta por um verbo; e composto, quando tem dois ou mais verbos. Assim, podemos dizer que individualmente somos períodos simples e quando juntamos as escovas de dente, período composto, que pode aumentar conforme a família. A gramática será sempre sedutora enquanto quisermos definir as pessoas.
Quando período simples, alguns indivíduos são sujeitos indeterminados. Aprontam, fazem e acontecem e depois se escondem. Os ocultos, pelo menos, temos a chance de encontrá-los. Às vezes, ocultos por timidez, outras, por safadeza mesmo.
Gente fina mesmo é o tal do cara sujeito simples e ativo. Simples no nome e no jeito de viver. Ativo porque cuida da vida dele, trabalha, diverte-se, percebe que a felicidade se encontra nos pequenos detalhes do dia a dia. E sim, se soubermos olharmos, tropeçamos nela todos os dias. Quem sofre é o sujeito passivo. Coitado, só sofre a ação, não tem perspectivas.
Além desses sujeitos, temos as pessoas predicados: os verbais não param quietos. Se eles têm um tempo sobrando no dia, arrumam logo com o que se ocupar. Os nominais não estão preocupados em agir, mas sim amar sem descanso, seu sujeito é conectado às características do bem, sem espera de retorno, pelo seu predicativo. E os verbo-nominais? São poucos, mas todos desejam se tornar assim: a mistura perfeita de serem agentes de sua vida e terem um predicativo para amá-los.
Temos também as pessoas objetos diretos e indiretos e os complementos nominais para completarem nossa vida, darem significado especial aos nossos predicados. Coitado só do agente da passiva, não tem voz, não vez, seu sujeito é passivo.
          E os acessórios??  Mesmo não sendo necessários ou até supérfluos, tem dias que abusamos deles, dão um retoque em nossa personalidade de acordo com a ocasião. Os adjuntos adnominais animam o ego das pessoas sujeitos, com adjetivações e quantificações. Os adjuntos adverbias satisfazem o ego das pessoas predicados por meio de intensificadores que “levantam” o astral num dia que não estamos tão bem.
         Os únicos solitários desse grupo são os vocativos. Querem viver sozinhos, vivem gritando por aí, querem chamar a atenção, fazer birra; ainda não compreenderam a essência da análise nem da sintaxe.

            A gramática, enfim, é um ser vivo, mutante. Isso porque não somos nós que fazemos análise diariamente, é ela que nos analisa sintaticamente e nos dá oportunidade de agentes ou passivos diante da vida.

O preconceito linguístico na região de Carazinho.

Hoje divido o espaço com uma colega do curo. Aproveitem o texto: O preconceito linguístico na região de Carazinho. O relato apresentado po...