segunda-feira, 2 de julho de 2012

Crônica


Brincadeiras infantis X “brincadeiras” adultas



            Quem nunca brincou de médico na infância? Talvez seja uma das brincadeiras mais comum entre crianças de cinco a sete anos. Talvez pela simples curiosidade de descobrir o próprio corpo e saber o que meninos e meninas têm de diferente entre si.

É possível notar o brilhante olhar dos pais, que observam com graça a pura inocência das crianças, ao verem seus filhos espiarem o que tem embaixo da sai rodada e colorida da menina ou “dentro” da calça jeans do menino. E realmente, é encantadora essa fase de conhecimentos e descobertas, as crianças querem explorar o novo, saber o porquê e a visualização é forma que eles internalizam melhor essas diferenças. A inocência dessas crianças é o que faz o ato de “espiar” o órgão genital do outro um fato puro e sem malícias.

O que se torna inexplicável é quando os adultos resolvem entrar na brincadeira, aproveitando da inocência desses pequenos. Impressionante ainda são as artimanhas utilizadas por essas “criançonas”: desde a promessa de doces, viagem, até ao limite da chantagem; “se você contar pra mamãe da nossa brincadeira, o titio vai machucar você”.

Notícias e fotos chocantes de abuso sexual nos são apresentadas diariamente pela mídia, seja virtual, impressa, visual ou auditiva. E o pior da situação é que não apenas estranhos cometem esse crime, mas, os próprios pais, avós, mães, tios; a família encontra-se desestruturada, ou melhor, o indivíduo encontra-se perdido em meios a tantas crueldades que se vê todos os dias.

De um pequeno afeto, carinhos, passada de mão nos cabelos que viram abusos, violência, que acaba com a infância deixando transtornos psicólogos na criança. A história dos contos de fadas já anunciavam situações macabras e terroristas com crianças (pois o final feliz demorou a chegar às histórias infantis), mas o homem evoluiu, a sociedade transformou-se e esperávamos cidadãos melhores, do bem, que cuidassem das crianças com amor e afeto.

O que se propõe para os novos tempos, e que seja bem próximo, é a volta da brincadeira inocente de médicos na qual participam apenas as crianças, e os pais, meros expectadores da curiosidade infantil.


Essa crônica, ou apenas um singelo projeto de crônica, foi resultante de uma atividade na disciplina de Jornalismo Literário. ( criação de uma crônica literária a partir de um fato real (sobre infância/ criança hoje) em 2010). Agora resolvi tirar dos arquivos. Que tal?




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