quarta-feira, 4 de março de 2015

Perfil


 O múltiplo Benaduce
No primeiro semestre no qual eu fui colega do Benaduce Guilherme (porque a sua apresentação é o Benaduce na frente e é assim que gosta que o chamem), imaginava que ele seria aquele estudante do contra: um olhar intimidador, como se fizesse uma leitura de que acontecia ao seu redor e já se pronunciaria fora do eixo imaginário da turma. Típico da primeira impressão, mas que bom que existem outras.
Preto no Branco. Arquivio Pessoal

Só com o tempo e a convivência em algumas disciplinas, aprendi que aquele era um olhar de quem capta o momento das pessoas ao seu redor principalmente por meio de câmeras. E sua captação, mesmo não se considerando alguém sensível diante de algumas situações, torna-se mais humana por apresentar-se em preto e branco, ou melhor, preto no branco. O instante do sentimento fica tatuado no papel.
Quando tive o privilégio de conversar com ele, fui descobrindo que esse olhar já se manifestava desde o ensino médio. O que talvez fosse uma das razões por trocar a filosofia por jornalismo e iniciar uma nova fase de questionamentos. Na época da faculdade, por trabalhar com taekwondo, cancelou a matrícula do jornalismo na federal e começou a cursar educação física paralelamente ao jornalismo na Unifra. E isso se foi até ao 7º semestre do curso da federal, quando, em um momento de lucidez, percebeu que ser educador físico não era a sua escolha para uma vida toda.
Optar pelo jornalismo foi a possibilidade de continuar a ser chato, que para ele significa ser questionador do pensamento alheio. Talvez aí esteja o porquê de um olhar observador. Talvez aí esteja a sua autodefinição de ser uma pessoa de fases, multiplicidades.
Além da conversa corpo a corpo, um meio de hoje descobrirmos algumas pinceladas da identidade de uma pessoa é espiarmos uma rede social dela. E nesse quesito, Benaduce define que seu perfil no facebook evidencia três temas que ele aprecia sem moderação: trabalho, mulher e cerveja.
O jovem captador de momentos concorda com a máxima que o trabalho dignifica o homem. A possibilidade de trabalhar atualmente em uma revista o deixa satisfeito, pois é um trabalho palpável. É possível ver, tocar o material e perceber o quanto pode transcender o papel de um jornalista, já que até chegar àquele produto, toda uma rotina produtiva precisou ser organizada. 
Conforme poetizou Martinho da Vila, Benaduce já teve “mulheres de todas as cores / De várias idades, de muitos amores / [...] do tipo atrevida / Do tipo acanhada, do tipo vivida / [...] Mulheres cabeça e desequilibradas / confusas, de guerra e de paz”. A admiração pelo sexo oposto e pelas várias faces secretas que podem emanar de uma mulher possibilitou o viver uma paixão por cada uma dessas diferentes mulheres.
Outra face da personalidade do Benaduce é a terceira palavra-chave: cerveja. Esse precioso líquido, para ele, nada tem a ver com exageros, mas sim com o prazer da apreciação. Melhor ainda se for da companhia de amigos ou família regrados de uma boa conversa, e, por que não, de uma boa filosofia.
Desvendar a personalidade de um desconhecido não é fácil. Às vezes, a insegurança de fazer uma pergunta inadequada pode nos fazer perder a chance a conhecer melhor o outro. Mas a possibilidade de mudar as nossas certezas a respeito de alguém não tem preço. Conhecer o outro é poder olhar para nós mesmos e renovarmos os questionamentos.

Luana Iensen Gonçalves - março 2015

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